segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Eu pio, tu ita, ele RT
O recente fenômeno “Cala Boca Galvão”, frase que entrou para os assuntos mais discutidos mundialmente no Twitter, foi o ponto de partida para o 5o ETC – Encontro de Twitteiros Culturais, em São Paulo. Na mesa, o Secretário de Cultura de São Paulo Andrea Matarazzo, o jornalista Luis Nassif e o professor e consultor Gil Giardelli foram mediados pelo professor José Luiz Goldfarb. O tema: twitter e relacionamento.
Luís Nassif contou logo de início uma conversa que teve com a filha de 12 anos. Ao saber que ele ia a um encontro de twitteiros, ela perguntou: “ah, Twitter não é aquela coisa em que você fica contando o que está fazendo e, do outro lado, tem um monte de gente que não quer saber disso?”. A definição esconde uma crítica que faz sentido, mas há muito mais possibilidades na rede de relacionamentos do que apenas contar o que você está fazendo. Descubra, afinal, para que o Twitter serve – e como ele pode ser importante não só na sua vida pessoal, mas na organização da sociedade.
1. O Twitter é ótimo para piadas – mas funciona bem para mobilizações mais importantes
Gil criticou o fato de um técnico de futebol ter 1,5 milhão de seguidores – provavelmente se referindo a Mano Menezes, do Corinthians, cuja página no Twitter tem quase 1,4 milhão de followers – enquanto o Fora Sarney, perfil engajado que pede a saída do presidente do Senado, contabiliza pouco mais de 12.400 seguidores. “Não sou contra dar risada, mas acho que se pode discutir política também”, disse. E se pode mesmo: Goldfarb lembrou do sucesso do abaixo-assinado pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, que foi amplamente divulgado por meio do Twitter, figurando por semanas entre os trending topics (a lista de assuntos mais discutidos do momento).
2. Os seguidores são resultado de uma atuação consistente e se reúnem em torno de assuntos de interesse comum
Muitos escolhem a quem seguir baseados na reputação alheia, e não necessariamente na produção de conteúdo interessante. “As redes sociais são a ciência da reputação”, afirmou Gil. No entanto, a postagem ou replicação de informações interessantes, de maneira consistente, acaba atraindo seguidores que têm os mesmos interesses que os seus – e, aos poucos, a lista de followers aumenta de forma sólida e permite a criação de uma comunidade.
3. O poder das redes sociais está não só na divisão do conhecimento, mas na nova forma de apresentação dele
Imagine uma biblioteca tradicional, limitada por espaço físico, acesso e horários de funcionamento. A tecnologia pode transformar isso: uma biblioteca virtual dá acesso a pessoas de qualquer ponto do país às obras, a qualquer momento, rompendo as barreiras de localização e espaço. Mas não é só isso: a tecnologia pode, também, “melhorar” uma biblioteca tradicional – é o caso dos equipamentos que auxiliam na leitura de cegos presentes na Biblioteca de São Paulo.
Até mesmo a forma pouco usual que a palavra escrita ganha na rede de microblogging foi defendida por Goldfarb. Dispondo de apenas 140 caracteres para passar o recado, os usuários comumente empregam abreviações como “vc”, “p/” e “d”. “Isso é natural e não é novo: o hebraico também dispensa as vogais em algumas formas escritas”, comentou.
4. O Twitter é um espaço para encontrar pessoas – e para cortar relacionamentos também
A mesa foi unânime: os assuntos no Twitter são delimitados pelo tempo. Ataques gratuitos e provocações sem argumentos embasados serão facilmente “enterrados” pelo movimento da timeline, bastando serem ignorados. “Quanto mais você responde um troll, mais ele cresce”, disse Nassif, referindo-se aos usuários que costumam praticar esse tipo de agressão. “Há quem venha discutir ideias, mas quem parte para a baixaria desnecessária merece ser simplesmente bloqueado”, denfendeu Matarazzo.
5. A ferramenta pode transformar a democracia
“O Twitter e outras redes sociais permitem ir, como disse o Andrea, de uma democracia representativa para uma democracia colaborativa”, ressaltou Gil. Com as redes sociais pulverizando a passagem de informações, o domínio da mídia diminui. “O jornalista passa de dono da informação a mediador dela”, disse Nassif. O efeito desta “horizontalização” estimula a formação de uma sociedade civil cada vez mais organizada e fortalecida, segundo o jornalista. Mas ainda não seria capaz de definir uma eleição. “Ainda existe todo um Brasil desconectado”, lamentou Matarazzo.
Fonte: IG
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